JOSÉ THEODORO DE SOUZA: O PRIMO BANDEIRANTE

José Theodoro de Souza foi batizado na Capela do Senhor do Porto do Turvo, em Aiuruoca – MG, aos 27/05/1804, tendo como padrinhos Manoel Joaquim da Silva e Margarida de Souza. Era filho de João de Souza Barbosa e Maria Theodora do Espírito Santo. Pelo lado paterno, José Theodoro era neto de Antonio de Souza Barbosa e Vitória Maria de Oliveira. Pelo lado materno, era neto de Brás Rodrigues de Lima e Maria da Conceição de Almeida.
José Theodoro era primo-irmão de meus tataravôs Manoel Joaquim de Andrade, Joaquim Manoel de Andrade e Alexandre Faustino de Almeida, uma vez que a mãe daquele, Maria Theodora do Espírito Santo, era irmã das mães/pai destes, respectivamente: Bernardina Jesuína de Santa Catarina, Mariana Rosa da Assunção e José Rodrigues de Almeida.

José Theodoro de Souza (sentado), o filho Theodorinho 
(com a mão em seu ombro) e dois companheiros.
(Acervo de Luiz Carlos de Barros)


No dia 07/02/1823, José Theodoro casou-se em Camanducaia – MG, com Francisca Leite da Silva, nascida no dia 01/12/1801 em Campanha – MG, filha de João Tavares da Cunha (Filho) e Anna Maria do Nascimento. Pelo lado paterno, Francisca era neta de João Tavares da Cunha e Francisca de Oliveira Leite. Pelo lado materno, era neta de Matheus da Silva Passos e Quitéria Maria Rodrigues.
Francisca Leite da Silva era duplamente prima de minha tataravó Anna Rodrigues da Silva. O pai daquela, João Tavares da Cunha (Filho), era irmão da mãe desta, Catharina de Oliveira Leite. Além disso, a mãe de Francisca, Anna Maria do Nascimento, era irmã do pai de minha tataravó Anna, Francisco da Silva Passos.
José Theodoro e Francisca tiveram, juntos, ao menos os filhos:

1- Francisco Sabino de Souza, nascido aos 07/08/1825 em Camanducaia – MG, onde foi batizado na Capela do Alambari aos 21/08/1825. Casou-se com Maria Francisca do Carmo.
2- Flausina (ou Frazinda) Maria de Souza, nascida aos 02/07/1828 em Cambuí – MG, onde foi batizada aos 20/07/1828. Casou-se com José Antonio Diniz.
3- Maria Theodora de Souza, também conhecida como Maria Theodora do Espírito Santo, nascida aos 26/12/1829 em Capivari – MG, onde foi batizada aos 03/01/1830. Casou-se com Francisco de Paula Moraes.
4- Leopoldina, nascida aos 09/11/1831 em Camanducaia – MG, onde foi batizada aos 20/11/1831.
5- Barbina (ou Balbina), nascida aos 25/03/1833 em Consolação – MG, onde foi batizada aos 08/04/1833.
6- Anna, nascida no dia 01/05/1835 em Consolação – MG, onde foi batizada aos 20/05/1835.  
7- José Theodoro de Souza Junior, nascido aos 22/04/1836 em Consolação – MG, onde foi batizado aos 30/04/1836. Casou-se com sua prima Marianna de Souza Pontes. 
8- Agostinha Maria/Theodora de Souza. Casou-se com José Ignácio Pinto.

Francisca faleceu no dia 16/12/1868 e José Theodoro casou-se em 1871, em segundas núpcias, com Anna Luiza de Jesus, nascida aos 20/01/1857, filha de Manoel José de Jesus e Maria Luiza da Conceição. José Theodoro e Anna Luiza tiveram, juntos, o filho:

9- José Luiz de Souza, nascido aos 23/06/1875. 

Conforme observam Prado e Sato, são conhecidos também os irmãos e as irmãs de José Theodoro, todos com história no sertão, assim como outros aparentados seus e familiares de Francisca Leite da Silva e de Anna Luiza de Jesus, as duas mulheres do pioneiro.
De acordo com o ProjetoCompartilhar (§ 2º - Bernarda Maria de Almeida, 3-7), são irmãos/irmãs de José Theodoro:

1- Justina Maria de Souza, batizada no dia 02/11/1798. Casou-se, por volta de 1815, com seu primo Jeronimo José de Pontes, batizado no dia 24/02/1793, filho de Manoel de Pontes Pinto e Ana Joaquina da Assunção.
2- João Vicente de Souza, batizado na Capela do Turvo no dia 06/07/1800. Casou-se no dia 07/02/1823 em Camanducaia – MG, com Emerenciana Maria de Jesus, filha de João Tavares da Cunha e Francisca de Oliveira Leite. Emerenciana era irmã da primeira esposa de José Theodoro, Francisca Leite da Silva.
3- Maria Silveria, batizada na Capela do Turvo no dia 13/06/1802, tendo como padrinhos Antonio de Souza Barbosa e sua filha Anna de Souza. Em 1839 estava casada com José da Silva.
4- Francisco de Souza Ramos, nascido por volta de 1807. Casou-se no dia 28/10/1827 em Camanducaia – MG, com Maria Teresa de Jesus, filha de João Tavares da Cunha e Francisca de Oliveira Leite. Maria Teresa era irmã da primeira esposa de José Theodoro, Francisca Leite da Silva.
5- Manoel Silverio de Souza, batizado na Capela do Turvo aos 14/02/1808, tendo como padrinhos Felizardo da Silva Paes e Bernardina Jesuina.
6- Joaquim de Souza, batizado na Capela do Turvo aos 26/02/1810, tendo como padrinhos Marcelino Pinto da Silva e Esméria Ferreira da Luz.
7- Antonio de Souza, batizado na Capela do Turvo aos 03/01/1813, tendo como padrinhos Antonio Coelho Moreira e Ana Theodora de Jesus.
8- Bernardino José de Souza, batizado na Capela do Turvo aos 06/11/1814, tendo como padrinhos João Bernardino da Silveira e Ignacia Rufina de Santa Anna. Casou-se no dia 25/01/1836 em Pouso Alegre – MG, com Teodora Maria do Nascimento, filha de Manoel Antonio Rodrigues e Maria Ferreira do Nascimento. Teodora Maria era irmã de minha tataravó Maria Jacintha, esposa de Manoel Joaquim de Andrade.
9- Anacleta, nascida por volta de 1817.
10- Dionisia, batizada em Camanducaia – MG no dia 23/01/1820.

José Theodoro de Souza chegou ao sertão para a posse de suas terras em junho de 1851, de imediato à Guerra ao Índio (1850/1851), por ele liderada e vencida, sob as ordens do Capitão Tito Corrêa de Mello, fazendeiro, político e mandatário botucatuense. De pronto estabeleceu os seus principais homens em localidades estratégicas no Turvo, Pardo e Paranapanema, como chefes bugreiros para as garantias e os cuidados iniciais do sertão, e também repassou partes combinadas aos envolvidos na conquista sertaneja, conforme graus de participações. Iniciava-se, desta forma, o que pode ser considerada a última bandeira do interior paulista.
As posses de Theodoro eram terras livres de ocupações primárias e nelas não havia sinais de entradas e assentamentos de exploração, não restando dúvidas em ser ele o primeiro branco a entrar nelas.
O pioneiro mor dimensionou suas terras, confrontou divisas e reconheceu os rios – tributários paulistas do Paranapanema. No dia 31 de maio de 1856, na então vila de Botucatu, adequando-se aos termos da Lei nº 601/1850 e seu regulamento de 30 de janeiro de 1854, José Theodoro, ardilosamente, registrou suas terras, sob quatro registros distintos. Com a propositada divisão o declarante indicava outros posseiros na região, como artifício para as legitimações, demonstrando o sertão já habitado, e cada confrontante, no seu respectivo assento, declararia as mesmas e outras vizinhanças como provas de moradia habitual. Não sem razões, os divisantes iniciais eram todos parentes, bugreiros e aqueles vinculados pelo compadrio. 
De acordo com o casal Prado e Sato, aos poucos, o chegamento de José Theodoro e seu grupo, quase romântico, perdeu a mística diante de documentos oficiais resgatados, reveladores que o desbravador foi, em verdade, obstinado matador de índios, para tomar-lhes as terras, através das razias e das dadas, numa conquista tão cruel que se transformou também no maior etnocídio paulista do século XIX, em nome da civilização e do progresso.
Theodoro dividiu sua tropa em frentes fortemente armadas, ou colunas, com líderes postos e instruídos para as ações predatórias. Os comandos receberiam suas pagas em porções de terras e as fracionariam para os comandados, partes postas a vendas e lotes destinados a povoados.
Das ações dessas tropas contaram verdadeiros horrores: "Mataram quase todos os homens e, das mulheres, só deixaram as novas para se aproveitarem delas. Tinham tanta sede de sangue que iam estripando até crianças e velhos, que achavam pelas redes, ainda dormindo. Dizem que atiravam indiozinho de colo para cima e esperavam embaixo, na faca. Pegavam outros pelas pernas e batiam com a cabeça deles nos barrotes das choças. Encontraram uma índia grávida e abriram a barriga dela [...]. A aldeia dos índios ficou que era só cadáver que eles largaram para os urubus comerem, quando não atiravam às águas para pasto dos jacarés famintos". (MARINS, 1985, p. 40-41).
A empreitada ocorreu em curto espaço de tempo, menos de dezoito meses, com milhares de índios mortos e os sobreviventes arredados. Entre maio/junho de 1851 já se discutia a elevação da primeira Capela sertaneja aonde Lençóis Paulista, porém a escolha recaiu sobre São Domingos, localidade mais antiga e centralizada.
Segundo Prado e Sato, a “Guerra ao Índio” na Província de São Paulo, identifica-se como massacre, e nisto há que se entender que a missão de Theodoro foi exterminar e expulsar os índios e tomar-lhes as terras para entregá-las à civilização, em troca do quinhão adiante do Turvo, enquanto o Capitão Tito, dono das grandes propriedades em cima da Serra de Botucatu, assenhoreava-se dum bolsão de terras férteis a oeste, prontas para a ocupação branca com ótimos lucros.
A vitória do bandeirismo sertanejo, liderada por José Theodoro de Souza, foi, então, consolidada em junho de 1851, com início dos primeiros arranchos e formações de fazendas, onde futuramente surgiriam novas Vilas e Patrimônios, que deram origens as cidades que existem, atualmente, na área por ele invadida/desbravada.
Aos 22 de junho de 1875, José Theodoro, então doente e paralítico, lavrou seu testamento, em São José dos Campos Novos, perante Juventino de Oliveira Padilha, Escrivão do Juízo de Paz e Tabelião de Notas da Freguesia de Santa Bárbara do Rio Pardo, sem testemunhos, exceto Antonio Alves Nantes que assinou a rogo do testador. Contudo, o testamento também sugere falcatruas pelas exclusões de fazendas que José Theodoro sabia ainda existir.
O inventário de José Theodoro de Souza revela-o falecido na localidade de São José do Rio Novo, atual Campos Novos Paulista, aos 24 de julho de 1875, um mês após o nascimento do filho caçula José Luiz.

Colaboração de Celso Prado, Junko Sato Prado e Luciano Leite Barbosa.

Fontes:

MARINS, Francisco. Clarão na Serra. 10. ed. São Paulo: Ática, 1985.




2 comentários:

  1. Colei-copiei no meu computador. Já publiquei 12 livros sobre a cidade onde resido, atualmente chamada MARTINÓPOLIS-SP, em homenagem ao fundador, Coronel João Gomes Martins. Mas o nome antigo era JOSÉ THEODORO, homenagem da ferrovia E.F.SOROCABANA quando aqui chegaram os trilhos e foi inaugurada a estação. O nome JOSÉ THEODORO permaneceu quando começou a surgir o vilarejo em volta da estação, loteado no ano de 1924, também quando passou a distrito de Presidente Prudente em 1929. Só mudou de José Theodoro para Martinópolis quando se tornou município autônomo, instalado em 29.01.1939. Isso porque o colonizar João Gomes Martins havia falecido dois anos antes, em 1937, e os políticos resolveram homenageá-lo. Polis é palavra grega, significa cidade, portanto, Martinópolis é "cidade do Martins", ou "cidade fundada pelo Martins".

    ResponderExcluir
  2. Sou pentaneto de Manoel Tavares Terra, tio de Francisca Leite da Silva (esposa do José Theodoro de Souza), irmão de João Tavares Cunha. Mais duas filhas do João Tavares casaram-se com irmãos do José Theodoro. Meu tataravô João Tavares Terra e meu bisavô Francisco Leite das Chagas e seus irmãos vieram de Capivari (distrito de São José das Formigas), hoje Consolação, para Botucatu com os primos e primas; depois foram para o Rio Novo (Avaré), quando ocorreu a maior matança de indigenas do Sertão. Depois os Terras se fixaram em Piraju, de lá para Conceição do Monte Alegre, Maracai (Mosquito, Pau queimado e Laranjeiras).

    ResponderExcluir